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Caio Brito
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Expedição Eastern America (Dia 7)

14/10/2015

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Ithaca – New York, 24 de junho de 2015 (Quarta-feira)

(Juventude Transviada – Luiz Melodia)*

Agora são onze e tanto, quase meia noite e estou morto de bêbado e cansado para escrever. E amanhã ainda vou acordar às 4h50min para passarinhar com o Chris e, por volta das 9h, iniciar minha viagem de volta para Panama City Beach; 1.222 milhas (quase 2.000 Km). Como quero fazer tudo em um dia, acho que a atitude mais responsável seria dormir logo.

Na verdade, a atitude mais responsável seria não fazer esta viagem em um dia, mas a segunda atitude mais responsável é dormir logo, então...

Quando eu chegar em Panama City Beach, eu falo sobre hoje e sobre a viagem.

​...

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Expedição Eastern America (Dia 6)

14/10/2015

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Ithaca – New York, 23 de junho de 2015 (Terça-feira)

(Money for Nothing – Dire Straits)*

(The Background – Third Eye Blind)**

...ontem acabei chegando em casa muito tarde e muito cansado para fazer qualquer coisa além de dormir. Quando eu digo “qualquer coisa”, quer dizer que nem banho eu tomei. Cheguei, chequei minhas mensagens e fui dormir depois de escovar os dentes. Mais um sinal de que o mundo está perdido: a pessoa troca um banho por checagem de mensagens do Whatsapp e facebook. Sei não Caio Brito, já te vi melhor meu amigo. 

Ontem, ainda, estava em minha sala e, umas 15h, a Jessie me chamou para conhecer o museu, a biblioteca, os arquivos sonoros e algumas pessoas que ainda não havia conhecido. Conheci um dos autores do “Guia de Aves do Peru”, Tom Schulenberg, conheci o Will, um programador do e-bird e conheci o Marshall, um dos cabeças do e-bird. Fiquei impressionado com a sala que arquiva o material de áudio da Macaulay Library. Tem gravação de muita coisa, de todas as épocas, desde a primeira gravação de uma ave na natureza até as gravações mais modernas. 

Aqueles rolos gigantes e muito pesados estavam na parte superior das estantes, tinham fitas grandes, fitas pequenas, fitas tipo DAT, rolos pequenos, médios e grandes, enfim, muita coisa. Não tirei fotos pois fiquei com medo de outras pessoas não acharem tão legal quanto eu. Pelo menos com essa explicação escrita, cada um imagina da sua maneira... mas imaginem um negócio grande. 

(Isso já fez eu ficar pensando em dezenas de coisas enquanto a Jessie continuava falando. Esse pessoal antigo ia à campo de calça social, paletó e gravata meu amigo! Era um negócio muito estranho. Sem contar que os equipamentos pesavam até 100 vezes mais que os equipamentos modernos. Carregavam todo esse peso e ainda usavam essas roupas claustrofóbicas. Sou fã. (Mais informações sobre esses loucos: http://macaulaylibrary.org/history/early-milestones)).

Depois de conhecer essas e outras coisas, voltei para a minha sala e fiquei fazendo algumas coisas enquanto esperava pelo Marshall. Ele ficou de passar umas 17h para que pudéssemos passarinhar em um local aqui por perto (30min). O Chris e a Jessie me alertaram do seu costume “brasileiro” de chegar atrasado nos compromissos. Já estava me preparando para um atraso brasileiro; “18h – 18 e meia ele chega por aqui”, eu pensei. Quando deu 17h07min ele chegou e ainda me pediu desculpas. Ah, se o “atraso brasileiro” fosse assim. 

No caminho conversamos sobre um monte de coisas; o e-bird, Holocanto, pássaros, minha dissertação, viagens, planos de viagem, vida, família etc. Chegamos ao destino e vimos um monte de bichos legais, entre eles, destaco: Acadian Flycathcher (Empidonax virescens), Cedar Waxwing (Bombycilla cedrorum), Louisiana Waterthrush (Parkesia motacilla), American Redstart (Setophaga ruticilla), Dark-eyed Junco (Junco hyemalis). Enquanto passarinhávamos, o assunto não acabava; a conversa não parava.
Louisiana Waterthrush (Parkesia motacilla). Picture: Jacob S. Spendelow (tringa.org)
Acadian Flycathcher (Empidonax virescens). Picture: Michael O'Brien
American Redstart (Setophaga ruticilla). Picture: Michael O'Brien
Cedar Waxwing (Bombycilla cedrorum). Picture: Glenn Bartley
Aqui o tempo passa e o sol não vai embora. Por volta das 20h, ainda fomos passarinhar em outra localidade, a Catharine Creek Marsh, onde ficamos até escurecer, umas nove e pouco. 

Acho muito interessante esses dias mais longos. Me lembro quando fiz um cruzeiro com minha família até o Alaska, onde o dia durava 22 horas e quando ficava escuro, nem chegava a ficar breu. Desestabiliza qualquer relógio biológico. 

Guardamos nossos equipamentos e fomos comer no Chapotle, um “fast food” de comida mexicana em Ithaca. Coincidentemente, quando chegamos lá, encontramos com o Luke e com o Ian, um menino de 25 anos que entrou para o time do e-bird. Esse cara é fantástico! Tinha acabado de voltar de uma viagem de 3 semanas passarinhando pela Noruega e Finlândia. Ele sabe de muiiiita coisa de geografia mundial e ornitologia mundial. Enfim, galera aqui, em geral, é muito foda. 

Comemos, conversamos e rimos muito com as histórias do Ian. Combinamos de passarinhar hoje às 6 e meia e fomos para casa. O Marshall me levou direto para casa e meu carro passou a noite na Cornell mesmo. Achei esse cara muito gente boa.

​Fui dormir por volta das onze e meia.

***
Hoje acordei às 6h e conversei 28 minutos e 12 segundos com a Luana pelo áudio do facebook. Só algumas fofocas mesmo, nada demais. O Marshall chegou por volta das 6 e 40 e fomos para um local aqui por perto para passarinhar (Eu, ele, Luke e Ian). Passarinhamos pouco mais de meia hora e a chuva chegou para acabar com tudo. Por um lado, foi até bom, porque se a passarinhada estivesse boa, com certeza eu teria chegado atrasado na reunião com o Mike Webster. Também foi bom porque tivemos tempo de passar em algum lugar para comer antes de ir ao Laboratório. 

O encontro com o Mike Webster foi sensacional. Ele conseguiu me deixar completamente à vontade. Começamos a falar da vida, o que eu fazia aqui, sobre meu inglês etc. Depois que ele viu que eu já estava falando sem medo, ele falou, “pois, agora já sei um pouco de você, mas sobre o que você gostaria de conversar? Alguma pergunta específica? Perguntas? ”. A partir daí comecei a falar da minha ideia de ser um “Macaulay Field Recordist in Brazil”. Ele achou a ideia fantástica e ficou muito feliz com a minha proposta, e falou, depois de pouquíssimo tempo de explicação, que a Macaulay/Cornell poderia tentar ajudar com equipamentos e talvez dinheiro dependendo das condições financeiras no momento que eu iniciar a viagem. Mesmo assim, estou escrevendo um projeto dessa minha ideia, a “expedição TransBrasil”, que, com o apoio da Cornell, será um projeto de mais peso, e assim, terá mais chances de vencer algum edital e conseguir financiamento. 

(Então agora, quando chegar em Fortaleza, serão 3 prioridades: Luana, Felipe Negão e escrever este projeto. Putz... ainda tenho que entregar a versão final da minha dissertação. Mais uma prioridade então.)

A ideia é o seguinte: passarei um ano e meio a dois anos viajando pelo Brasil gravando todas as aves que eu conseguir. Enquanto isso, também faria filmagens e fotografias. Esse período de expedição seria feito de uma forma parcelada, cobrindo o país inteiro em etapas, por exemplo: etapa 1 – Nordeste, etapa 2 – Centro-Oeste, etapa 3 – Sudeste, e assim por diante. Dessa forma, eu poderia voltar para casa de tempos em tempos para passar um tempo com família, amigos e amores. Aproveitaria também para processar alguns dados (o ideal seria processar esses dados durante a viagem, mas todos nós sabemos como isso é difícil, mas vou tentar, vai que eu consigo).

​Enquanto eu terminava o assunto desse projeto, ele foi apontando para a minha camisa e perguntou: “e o Holocanto? Me conte um pouco sobre isso”. Contei a história do Holocanto, como surgiu e como funcionava. Ele já tinha ouvido falar e gostou muito da ideia e do programa. A partir daí começamos a falar da Macaulay Library, sobre outras coleções sonoras e como o Holocanto poderia juntar todos os bancos de dados possíveis, inclusive a Macaulay. Falei com ele sobre os projetos, perspectivas e sonhos que eu tinha em relação ao Holocanto, mas na verdade tinha que falar com o pessoal do e-bird, como o Chris, Marshall e programadores. Amanhã vou tentar me encontrar com eles para decidir como será o futuro do Holocanto. Tenho que fazer isso amanhã, pois já vou embora quinta de manhãzinha. Talvez eu tenha que fazer um plano de trabalho bem detalhado quando chegar em Fortaleza para que os programadores possam se guiar. Se tudo der certo e eles quiserem ficar com o Holocanto é claro. No final da conversa, comentei sobre um doutorado sanduíche, mas talvez isso esteja tão longe que nem prolongamos o assunto. Ainda tenho que pensar um pouco sobre isso, mas talvez eu aproveite esta grande expedição para fazer o campo do meu doutorado. 

Depois da minha conversa com o Mike, passei na sala da Jessie para contar as novidades e fui para minha sala. 

Agora estou muito empolgado com esse projeto. Vai ser lindo! Nunca mais fiz uma promessa (eu sei, eu sei. É o novo, coisa de criança etc.), mas para isso fiz uma: só corto meu cabelo quando for iniciar a expedição. É bom que não demore muito porque o meu cabelo já está gigante. Haja organização e planejamento agora. Vou ter que aprender a planejar na marra!

Por volta das 10 e meia, depois que terminei de conversar com a Jessie e com o Mike, passei no “box” do Brother Ian e o convidei para almoçar. Fiquei estudando em minha sala e quando deu 12h, ele e o Luke passaram lá e fomos almoçar em um local que vendia uns sanduiches bem maneiros. 

No período da tarde, estudei as aves que vi por aqui até agora e trabalhei em algumas escritas.

Às 17h, o Matt Medler passou em minha sala e saímos para passarinhar no Montezuma Marsh, um local alagado a uma hora daqui. Vimos um monte de bichos legais! Vi a Bald Eagle (Haliaeetus leucocephalus) pela primeira vez! Além dela, teve um Northern Harrier (Circus cyaneus), teve Red-headed Woodpecker (Melanerpes erythrocephalus), Indigo Bunting (Passerina cyanea), Eastern Meadowlark (Sturnella magna) entre outros. Foi massa a passarinhada, que acabou lá pelas 21h. Mesmo tendo visto esse monte de bichos, o Matt ficou um pouco frustrado por não ter conseguido mostrar os dois “Warblers” que queria. Eu achei muito legal de qualquer maneira.
Red-headed Woodpecker (Melanerpes erythrocephalus). Picture: Bull Shoals
Indigo Bunting (Passerina cyanea). Picture: nuthatch09
Eastern Meadowlark (Sturnella magna). Picture: Marcelo Camacho
Bald Eagle (Haliaeetus leucocephalus). Picture: Yathin S. Krishnappa
Na volta para casa, eu comi um pedaço de pizza que havia comprado em um posto no caminho para Montezuma, e também paramos em uma sorveteria muito boa que o Matt conhece.  Pedi uma bola de sorvete de café, muito bom por sinal. Se alguém for passar por aqui, eu sugiro este sorvete de café na casquinha. Só esqueci o nome da sorveteria. Antes dele me deixar em casa, ainda passamos em uma cachoeira, segundo ele, a maior queda d’água ao leste do Mississippi. Como já eram 10 e meia e, finalmente, já estava escuro, deu para ver só o branco da água caindo de longe, mas mesmo assim, já deu para perceber o tamanho: uns 60m talvez?

Cheguei em casa morto e só queria dormir, mas acabei de tomar um banho. Não queria completar 3 dias sem tomar banho. Vou já dormir pois já é meia noite e amanhã acordo por volta das 6. 

Hoje foi um dia muito especial no hemisfério sul também. A Luana Linda recebeu a notícia de que havia passado no mestrado e ela também recebeu as 3 cartinhas que eu enviei para ela a uns 15 dias lá de Panama City Beach. Ela ficou muito feliz com tudo isso... e eu também. Mestranda... mais dinheiro para sustentar a família. Alguém nessa família precisa trabalhar né!? Ela pode trabalhar enquanto eu fico em casa fazendo comida e cuidando das crianças...

​...00h15min...

Lista de espécies registradas durante as passarinhadas de hoje: 
- http://ebird.org/ebird/view/checklist?subID=S24033842
- http://ebird.org/ebird/view/checklist?subID=S24033840
- http://ebird.org/ebird/view/checklist?subID=S24033841
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Expedição Eastern America (Dia 5)

9/10/2015

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Ithaca – New York, 22 de junho de 2015 (Segunda-feira)

(Maybe – Janis Joplin)*

Agora são 6 e meia e estou acordado desde às 5 e meia para passarinhar com a Jessie e o Chris aqui pelas redondezas. Combinamos 6h, mas eles ainda não acordaram. Eu achei um pouco bom porque deu para dar a cagada da ressaca. Tudo melhora depois da cagada da ressaca; humor, disposição, dor de cabeça... até o peso. Também aproveito esses pequenos tempos livres para escrever e talvez tentar passar algumas escritas para o computador. Acho que eles devem estar de ressaca também, pelo menos ele. Ainda inventamos de tomar aquele Bourbon antes de dormir. Por que Caio?

***

Agora são 11h40 e estou na minha sala aqui na Cornell Lab of Ornithology. Na verdade, é a sala de visitantes, mas por enquanto eu estou usando. 

Quando o Chris acordou hoje de manhã, demos uma breve passarinhada pelo quintal e já deu para ver bastante novidades. Só de Pica-pau foram 3; Hairy Woodpecker (Picoides villosus), Downy Woodpecker (Picoides pubescens) e Red-bellied Woodpecker (Melanerpes carolinus), além de outros bichinhos legais. 
Red-bellied Woodpecker (Melanerpes carolinus). Picture: Bill Benish
Hairy Woodpecker (Picoides villosus). Picture: Daves Birdingpix
Por volta das 8h, voltamos para casa, pois o Chris tinha uma reunião às 9h. Acho que só hoje ele tem 3 a 4 reuniões para comparecer. É reunião demais meu amigo! Ele saiu de casa mais cedo e eu vim de carro seguindo a Jessie por volta das 8 e meia. Quando chegamos aqui, ela conseguiu um crachá de visitante para mim e me mostrou o prédio quase inteiro e onde algumas coisas ficavam (sala de algumas pessoas, laboratórios, coleções, acervos, banheiro, copa, bebedouros etc.). Claro que eu já esqueci de mais da metade né? Quando o cara está nervoso, isso acontece mesmo. Mas as coisas mais importantes eu peguei de primeira: entrada, saída, banheiro, água e “minha sala”. Depois do pequeno tour, deixei minhas coisas na sala que vou ficar esta semana e fui dar uma volta lá fora, pelas trilhas que tem ao redor do prédio. Até que deu para ver algumas coisas. 

​Infelizmente não deu para estudar o canto das aves daqui, talvez por vagabundagem mesmo, mas tanto faz, o fato é que não estudei, então não conheço os bichos só pelo canto. Se o banco de dados do xeno-canto estivesse liberado no Holocanto, eu estaria com todos os cantos dos bichos daqui e teria estudado um pouco. Parece até que voltei aos primórdios; fotografando sem playback e não conhecendo metade dos bichos. Quando terminei de passarinhar já eram umas 11h30. Voltei para minha sala, escrevi um pouco e fui almoçar com a Jessie e mais 3 alunos gente boa (Ben, Luke e Andy). Acabamos de chegar do almoço e estou na minha sala (13h30). A Jessie deixou um recado em cima da minha mesa antes do almoço dizendo que amanhã tenho encontro marcado com o Mike Webster às 9h. Espero que seja boa... sei nem o que falar. Vou já atrás do currículo dele e vou pensar em alguma coisa para conversar. 

...também vou anotar (tentar anotar) todos os bichos que vi até agora...
Picture
Escritas, Espécies, Listas e Músicas

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Expedição Eastern America (Dia 4)

7/10/2015

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Ithaca – New York, 21 de junho de 2015 (Domingo)

(Lover to lover – Florence and the Machine)*

(God’s gonna cut you down – Johnny Cash)**

Que alívio, cheguei. 

Estava um pouco nervoso, não vou mentir. Já que não vou mentir: estava nervoso pra caramba. Coincidentemente, o Chris e a Jessie falaram o mesmo, que estavam nervosos/ansiosos com minha chegada. Sempre quero contar o dia de trás para frente, mas vou me conter e contar em ordem cronológica como qualquer outra pessoa faria.

Acordei por volta de alguns minutos antes das 7, demorei um pouco para me aprumar, e, depois de meia hora fui para o salão comum tomar café da manhã. Comi um “bagel” com creamcheese e dois waffles com manteiga e garapa. Fiquei por lá, no hostel, até todos os hikers irem embora. Tirei foto com o Andrew e o Patrick e depois com o Mike e a Mary também. Por volta das 9 e meia, me despedi e fui para a Fuller Lake contemplar e escrever um pouco. Antes de sair do hostel, ainda conversei um bom tempo com o Mike.
Picture
Sai do Fuller Lake às 11h30 e fui direto até Ithaca. Só parei umas 10 milhas antes (talvez já fosse área rural de Ithaca) para abastecer. Cheguei em Ithaca, em frente à casa do Chris, às 16h, mas como ele pediu para eu chegar somente às 17h, fui dar uma volta pela cidade. E que eu fiz então? Adivinhem. Claro! Fui para um Mcdonalds filar internet. Aproveitei e fiz um combo: sorvete com internet por $1,08. E ainda fui premiado. Parece que a máquina de sorvete estava quebrada, ou algo do tipo, e veio o dobro de sorvete. É tanto que a moça virou a casquinha dentro de um copo de refrigerante porque eu nunca conseguiria comer aquilo na casquinha antes de começar a derreter.

​Quando deu 17h10 sai em direção à casa do Chris. Quando cheguei, desci do carro, fui até a porta da casa, morto de nervoso, claro, e não achei nenhuma campainha ou sino, nem nada que pudesse fazer algum barulho. Chamei pelo nome dele bem timidamente, mas logo recuei, voltei para o carro, e comecei a observar algumas aves que estavam por perto. Acho que não passei nem 10 minutos e um carro chegou e estacionou bem perto. Uma mulher saiu do carro e já veio me cumprimentar (era a Jessie). 

– Você já me conhecia? – Eu perguntei.

– Mais ou menos, o Chris falou que visitas estariam chegando hoje por volta desse horário – Ela respondeu, já me levando em direção à porta.

Encontrei com o Chris e nós 3 conversamos por um breve momento. Ele estava terminando alguns trabalhos (relatório de viagem) de uma guiada que havia realizado e tinha que finalizar ainda hoje. 

Ele mostrou o quarto em que eu ficaria e eu fui pegar meus pertences que ainda estavam no carro. A primeira coisa que fiz quando cheguei foi tomar um banho. E a segunda foi uma cerveja deliciosa que a Jessie me ofereceu assim que sai do banho. E é uma cerveja muito boa por sinal, uma pale. Estou no céu. Depois de alguns dias viajando, ser recebido dessa maneira é bom demais. Se o céu for parecido com isso, vou me esforçar mais para ganhar minha entrada lá. Enquanto eu tomava a cerveja, conversava com a Jessie, que estava na cozinha preparando uma torta “espacial”. Conversamos sobre algumas coisas (acho que isso nem importa muito para qualquer pessoa além de mim). A Jessie é a diretora (ou coordenadora. Nunca sei muito bem como diferenciar esses graus de poder) da Macaulay Lab of Natural Sounds. É muita coisa! Resumindo; talvez eu consiga alguns equipamentos de gravação com eles para fazer pesquisa no Brasil. Mas vamos aguardar né? Vamos ver o que vai acontecendo.

Por volta das sete e meia, fomos para um restaurante chamado Agavia. Tomamos cerveja (eu e o Chris) e a Jessie tomou uma batida com tequila. Jantamos hambúrgueres, mas não foi qualquer hambúrguer não ein!? A parada foi 15 conto (quase $45 de hambúrguer), negócio chique mesmo. Ainda bem que ele está me “cobrindo”, porque eu só estou com o dinheiro de pagar a gasolina da volta (espero que esse dinheiro dê para voltar). Voltamos para casa umas 21h e estava começando a ficar escuro.

Aqui em casa conversamos mais um pouco sobre algumas coisas, relacionadas a passarinhos obviamente e tomamos um uísque/Bourbon. Ele pediu alguns adesivos do Holocanto (clique AQUI para saber mais) e dei todos que tinha, pouquíssimos por sinal. Tocamos um pouco nesse assunto, mas seria melhor falar disso sóbrio durante a semana. 

Falei com algumas pessoas na internet e vou dormir que amanhã acordo 5h30. 

​Agora são 00h13.

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Expedição Eastern America (Dia 3)

11/9/2015

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Cooke Township – Pennsylvania, 20 de junho de 2015 (Sábado)

(Na Hora do Almoço – Belchior)*

Que dia sensacional! Rebobinando a fita do dia talvez não faça sentido utilizar uma palavra tão forte. Tivemos pneu furado, tivemos tempestade e o dia foi sensacional? Sei nem muito bem como explicar isso, mas vou tentar...

Hoje acordei diferente. Mais feliz talvez? Não gosto muito dessa palavra, acho-a um pouco relativa. Mas beleza, acordei mais relaxado digamos assim. Sem pesos, sem cobranças.

E assim foi o resto do meu dia, até o final. Quando acordei, por volta das 6 e meia, desmontei minha barraca e prossegui viagem, mas antes passei no Mcdonalds para pegar um café e internet gratuita (não me levem a mal, mas o café do Mcdonalds não é ruim. Aliás, até que o negócio é bom). Depois de enviar notícias aos meus entes queridos, segui sem parar até a hora de abastecer. Comi dentro do carro mesmo (banana, bolacha de água e sal e carne seca) até a segunda parada, que foi em Shippensberg-PN.

Quando eu vi que faltavam apenas 260 milhas (420 Km) para chegar em Ithaca-NY, e vi uma placa indicando “Pine Grove Furnace State Park”, decidi entrar. Ainda eram 15h, mas achei que seria a melhor opção (eu não poderia estar mais certo). Foi a melhor decisão que fiz até agora. Quando cheguei ao parque, parei no “Park Office” para pegar informações e fui super bem tratado pelo Ranger Joe e pela Su, uma senhora idosa, doce como pudim de leite (deu até vontade de comer um pudim de leite agora). Sugeriram que eu ficasse em um hostel lá perto, o “The Ironmaster’s Mansion”, que é o mesmo preço que o camping (25), tem café da manhã e, se acrescentar $5, tem pizza para o jantar. Acabei de comer aqui e é muito boa por sinal. Além dessas mordomias, hoje tinha previsão de tempestade com alagamento e tudo mais. Até agora, 22h, já houveram duas etapas da tempestade e já foi bem forte... e ainda tem muito mais de acordo com a previsão.

Depois que falei com o Ranger Joe e a Su, e deles terem reservado minha vaga no hostel, decidi conhecer o “Appalacian Trail Museum” e depois tomar um banho no “Fuller Lake” já que o check-in é a partir das 17h.

O museu é incrível e me deu calafrios só de pensar em um dia fazer o mesmo: uma longa caminhada de 2.100 milhas pelas montanhas e florestas do lado leste dos Estados Unidos. Acho que talvez nunca faça, mas não custa nada sonhar (viajar). Após passar quase uma hora no museu, lendo tudo que tinha direito e fotografando alguns itens, decidi procurar alguns “hikers” que eu sabia que haviam chegado nas redondezas hoje (informação do Joe e Su). Muitos inclusive ficaram aqui no hostel. Este parque é um marco muito importante para os hikers, pois é aproximadamente a metade do caminho (1.100 milhas). Conheci dois rapazes muito legais agora a pouco aqui no salão comum do hostel, o Andrew e o Patrick. Já já falo deles.

Grandma Gatewood: inspiração para todas as idades
Grandma Gatewood: e o que ela calçava nos longos percursos
Appalachian Trail Museum
Passei na lojinha do parque e encontrei um casal de hikers. Me apresentei rapidamente e combinamos de conversar mais tarde no hostel. “Bacana, conheci pessoas muito legais só nesse tempinho desde que cheguei”, eu pensei. Quando fui dar a volta no carro para ir até a lagoa tomar um banho, o pneu furou! Incrivelmente não achei ruim. Meu pensamento foi: furou, vamos resolver então. Fui até o Park Office e falei com o Ranger Joe para que ele pudesse me ajudar a achar um local que reparasse pneus. Ele fez algumas ligações até conseguir falar com alguém no Walmart de Carlisle-PN. Pois é, até com pneu o Walmart trabalha.

Eram 16h, o Walmart (parte de carros) ficaria aberto até 20h e eu poderia fazer check-in no hostel até 21h. “Ta tranquilo”, eu pensei, “agora vamos trocar o pneu”. Podem me julgar a vontade pelo que vou falar agora, mas eu nunca havia trocado um pneu antes. Não que eu lembre. “Esse troço deve ser intuitivo”, eu pensei. E até que fui bem: consegui trocar o pneu em 16 minutos e 33 segundos. Nada mal, nada mal. Agradeci ao Ranger Joe pela última vez e fui para o Walmart com os mapas e dicas que ele havia me dado.

Até agora, tudo certo.

Na freeway** eu tive que ir bem devagar por causa do pneu estepe, que parece mais com um pneu de bicicleta. Os carros me ultrapassavam e passavam olhando sem entender muito bem. Acho que pensavam que eu estava drogado ou algo do tipo (eu não estava).

No Walmart viram que o pneu não tinha reparo. Esse foi o pior momento do dia. Até me estressei um pouco, pois passei 20 minutos esperando na linha do telefone para falar com alguém da locadora pela linha 0-800. Nesses 20 minutos eu ficava pensando: será que vou ter que pagar pelo pneu novo? Será que vou resolver isso a tempo para chegar no hostel? Enquanto isso, a tempestade torrencial iniciava. Ai finalmente o “Anjo Christian” atendeu:


– Amem! Isso é uma pessoa ou uma máquina com quem eu falo? – Eu perguntei.

– É uma pessoa senhor, está tudo bem com o senhor? – Ele perguntou.

Não sei se a pergunta foi para saber se eu havia sofrido algum acidente ou porque ele pensava que eu estava delirando. Expliquei para ele toda a situação e ele me tranquilizou falando que se o furo no pneu não tiver sido por descuido meu, a locadora pagaria pelo pneu novo. Ele então sugeriu que eu comprasse um novo e guardasse o recibo para ser ressarcido quando voltasse para Florida. Só por precaução, guardei o pneu furado para eles verem como foi uma besteira.

Consegui sair de lá apenas às 19h30 e cheguei no hostel às 20h. Fui super bem recebido pelo Mike, que até brincou de vidente dizendo que sabia de onde eu era e de onde eu vinha. Ele fechou os olhos, colocou uma mão para o ar e falou “deixa eu ver, você furou o pneu e está vindo do Walmart, é isso? ”. Eu sei que é besteira, mas achei legal ele ter feito isso para quebrar o gelo.

Assim que cheguei, já fui tomar um banho, e, quando sai, minha pizza já estava pronta. Esse lugar é fantástico: lençol, travesseiro, toalha (inclusive toalha de rosto. Que eu nunca entendi muito bem porque uma pessoa não pode usar uma toalha normal para enxugar o rosto...), cama, ar-condicionado, ventilador, internet, xampu, condicionador, sabonete, e o mais importante de todos; pessoas fantásticas para conversar. Pessoas de alma boa sabe? Uma pessoa disposta a andar 2.100 milhas só pode ter uma alma muito boa. Enquanto comia minha pizza, puxei conversa com o Andrew. Conversamos bastante, e, como um bom filho de antropóloga, fiz muitas perguntas sobre o Appalachian Trail (AT) e como estava sendo a experiência dele. Estou impressionado com essa galera! Conversamos um bom tempo e quando ele foi escrever um pouco no computador, conheci o amigo dele que está o acompanhando na trilha, o Patrick. Peguei o contato dele e o Andrew pegou o meu. Muito bom conhecer gente nova, um dos meus hobbies favoritos. Será que isso é um indício de carência? Escorpião?


Vou deitar (23h).

Amanhã chego em Ithaca-NY. Estou um pouco nervoso, mas estou muito grato por ter conseguido mudar meu espírito.


Moral do dia: seja leve, seja livre!


Para quem ficou curioso com o percurso do Appalachian Trail:
The Appalachian Trail
The Appalachian Trail
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As freeways são vias de alta velocidade (controlada) e com condições para tal (sem buracos), mais ou menos como as BRs no Brasil, desconsiderando a "velocidade e condições controladas".
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    Caio Brito

    Ornitólogo, escritor e aventureiro. Mestre em Zoologia e aprendiz da vida.

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