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Expedição Eastern America (Dia 3)

11/9/2015

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Cooke Township – Pennsylvania, 20 de junho de 2015 (Sábado)

(Na Hora do Almoço – Belchior)*

Que dia sensacional! Rebobinando a fita do dia talvez não faça sentido utilizar uma palavra tão forte. Tivemos pneu furado, tivemos tempestade e o dia foi sensacional? Sei nem muito bem como explicar isso, mas vou tentar...

Hoje acordei diferente. Mais feliz talvez? Não gosto muito dessa palavra, acho-a um pouco relativa. Mas beleza, acordei mais relaxado digamos assim. Sem pesos, sem cobranças.

E assim foi o resto do meu dia, até o final. Quando acordei, por volta das 6 e meia, desmontei minha barraca e prossegui viagem, mas antes passei no Mcdonalds para pegar um café e internet gratuita (não me levem a mal, mas o café do Mcdonalds não é ruim. Aliás, até que o negócio é bom). Depois de enviar notícias aos meus entes queridos, segui sem parar até a hora de abastecer. Comi dentro do carro mesmo (banana, bolacha de água e sal e carne seca) até a segunda parada, que foi em Shippensberg-PN.

Quando eu vi que faltavam apenas 260 milhas (420 Km) para chegar em Ithaca-NY, e vi uma placa indicando “Pine Grove Furnace State Park”, decidi entrar. Ainda eram 15h, mas achei que seria a melhor opção (eu não poderia estar mais certo). Foi a melhor decisão que fiz até agora. Quando cheguei ao parque, parei no “Park Office” para pegar informações e fui super bem tratado pelo Ranger Joe e pela Su, uma senhora idosa, doce como pudim de leite (deu até vontade de comer um pudim de leite agora). Sugeriram que eu ficasse em um hostel lá perto, o “The Ironmaster’s Mansion”, que é o mesmo preço que o camping (25), tem café da manhã e, se acrescentar $5, tem pizza para o jantar. Acabei de comer aqui e é muito boa por sinal. Além dessas mordomias, hoje tinha previsão de tempestade com alagamento e tudo mais. Até agora, 22h, já houveram duas etapas da tempestade e já foi bem forte... e ainda tem muito mais de acordo com a previsão.

Depois que falei com o Ranger Joe e a Su, e deles terem reservado minha vaga no hostel, decidi conhecer o “Appalacian Trail Museum” e depois tomar um banho no “Fuller Lake” já que o check-in é a partir das 17h.

O museu é incrível e me deu calafrios só de pensar em um dia fazer o mesmo: uma longa caminhada de 2.100 milhas pelas montanhas e florestas do lado leste dos Estados Unidos. Acho que talvez nunca faça, mas não custa nada sonhar (viajar). Após passar quase uma hora no museu, lendo tudo que tinha direito e fotografando alguns itens, decidi procurar alguns “hikers” que eu sabia que haviam chegado nas redondezas hoje (informação do Joe e Su). Muitos inclusive ficaram aqui no hostel. Este parque é um marco muito importante para os hikers, pois é aproximadamente a metade do caminho (1.100 milhas). Conheci dois rapazes muito legais agora a pouco aqui no salão comum do hostel, o Andrew e o Patrick. Já já falo deles.

Grandma Gatewood: inspiração para todas as idades
Grandma Gatewood: e o que ela calçava nos longos percursos
Appalachian Trail Museum
Passei na lojinha do parque e encontrei um casal de hikers. Me apresentei rapidamente e combinamos de conversar mais tarde no hostel. “Bacana, conheci pessoas muito legais só nesse tempinho desde que cheguei”, eu pensei. Quando fui dar a volta no carro para ir até a lagoa tomar um banho, o pneu furou! Incrivelmente não achei ruim. Meu pensamento foi: furou, vamos resolver então. Fui até o Park Office e falei com o Ranger Joe para que ele pudesse me ajudar a achar um local que reparasse pneus. Ele fez algumas ligações até conseguir falar com alguém no Walmart de Carlisle-PN. Pois é, até com pneu o Walmart trabalha.

Eram 16h, o Walmart (parte de carros) ficaria aberto até 20h e eu poderia fazer check-in no hostel até 21h. “Ta tranquilo”, eu pensei, “agora vamos trocar o pneu”. Podem me julgar a vontade pelo que vou falar agora, mas eu nunca havia trocado um pneu antes. Não que eu lembre. “Esse troço deve ser intuitivo”, eu pensei. E até que fui bem: consegui trocar o pneu em 16 minutos e 33 segundos. Nada mal, nada mal. Agradeci ao Ranger Joe pela última vez e fui para o Walmart com os mapas e dicas que ele havia me dado.

Até agora, tudo certo.

Na freeway** eu tive que ir bem devagar por causa do pneu estepe, que parece mais com um pneu de bicicleta. Os carros me ultrapassavam e passavam olhando sem entender muito bem. Acho que pensavam que eu estava drogado ou algo do tipo (eu não estava).

No Walmart viram que o pneu não tinha reparo. Esse foi o pior momento do dia. Até me estressei um pouco, pois passei 20 minutos esperando na linha do telefone para falar com alguém da locadora pela linha 0-800. Nesses 20 minutos eu ficava pensando: será que vou ter que pagar pelo pneu novo? Será que vou resolver isso a tempo para chegar no hostel? Enquanto isso, a tempestade torrencial iniciava. Ai finalmente o “Anjo Christian” atendeu:


– Amem! Isso é uma pessoa ou uma máquina com quem eu falo? – Eu perguntei.

– É uma pessoa senhor, está tudo bem com o senhor? – Ele perguntou.

Não sei se a pergunta foi para saber se eu havia sofrido algum acidente ou porque ele pensava que eu estava delirando. Expliquei para ele toda a situação e ele me tranquilizou falando que se o furo no pneu não tiver sido por descuido meu, a locadora pagaria pelo pneu novo. Ele então sugeriu que eu comprasse um novo e guardasse o recibo para ser ressarcido quando voltasse para Florida. Só por precaução, guardei o pneu furado para eles verem como foi uma besteira.

Consegui sair de lá apenas às 19h30 e cheguei no hostel às 20h. Fui super bem recebido pelo Mike, que até brincou de vidente dizendo que sabia de onde eu era e de onde eu vinha. Ele fechou os olhos, colocou uma mão para o ar e falou “deixa eu ver, você furou o pneu e está vindo do Walmart, é isso? ”. Eu sei que é besteira, mas achei legal ele ter feito isso para quebrar o gelo.

Assim que cheguei, já fui tomar um banho, e, quando sai, minha pizza já estava pronta. Esse lugar é fantástico: lençol, travesseiro, toalha (inclusive toalha de rosto. Que eu nunca entendi muito bem porque uma pessoa não pode usar uma toalha normal para enxugar o rosto...), cama, ar-condicionado, ventilador, internet, xampu, condicionador, sabonete, e o mais importante de todos; pessoas fantásticas para conversar. Pessoas de alma boa sabe? Uma pessoa disposta a andar 2.100 milhas só pode ter uma alma muito boa. Enquanto comia minha pizza, puxei conversa com o Andrew. Conversamos bastante, e, como um bom filho de antropóloga, fiz muitas perguntas sobre o Appalachian Trail (AT) e como estava sendo a experiência dele. Estou impressionado com essa galera! Conversamos um bom tempo e quando ele foi escrever um pouco no computador, conheci o amigo dele que está o acompanhando na trilha, o Patrick. Peguei o contato dele e o Andrew pegou o meu. Muito bom conhecer gente nova, um dos meus hobbies favoritos. Será que isso é um indício de carência? Escorpião?


Vou deitar (23h).

Amanhã chego em Ithaca-NY. Estou um pouco nervoso, mas estou muito grato por ter conseguido mudar meu espírito.


Moral do dia: seja leve, seja livre!


Para quem ficou curioso com o percurso do Appalachian Trail:
The Appalachian Trail
The Appalachian Trail
*
**
As freeways são vias de alta velocidade (controlada) e com condições para tal (sem buracos), mais ou menos como as BRs no Brasil, desconsiderando a "velocidade e condições controladas".
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    Caio Brito

    Ornitólogo, escritor e aventureiro. Mestre em Zoologia e aprendiz da vida.

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