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Caio Brito
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Tour Norte/Nordeste - Março/Abril de 2016

19/7/2016

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Deixarei que o Bill Simpson conte sobre esta viagem em seu Trip Report.

A seguir, vou colocar o Trip Report (relatório de campo) sobre esta viagem escrito por ele.

Para quem quiser ver outros relatos sobre tours no Nordeste, procure na categoria “Tour Nordeste” na aba à direita da tela.
brazil_march_12th-_april_12th_2016.pdf
File Size: 7845 kb
File Type: pdf
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FOTOS
Fotos realizadas por mim durante a expedição.

Parte I
Icapuí - Pacatuba - Guaramiranga - Quixadá - Potengi - Crato
Guaramiranga-CE
Guira Tanager (Hemithrapis guira)
Red-Cowled Cardinal (Paroaria dominicana)
Masked Water-Tyrant (Fluvicola nengeta)
Palm Tanager (Tangara palmarum)
Burnished-buff Tanager (Tangara cayana)
Red-necked Tanager (Tangara cyanocephala cearensis)
Blue Dacnis (Dacnis cayana)
Gray-breasted Parakeet (Pyrrhura griseipectus)
Gray-breasted Parakeet (Pyrrhura griseipectus)
Quixadá-CE e Potengi-CE
Pygmy Nightjar (Hydropsalis hirundinacea)
Pygmy Nightjar (Hydropsalis hirundinacea)
White-naped Xenopsaris (Xenopsaris albinucha)
White-naped Xenopsaris (Xenopsaris albinucha)
Spotted Piculet (Picumnus pygmaeus)
Spotted Piculet (Picumnus pygmaeus)
Caatinga Antwren (Herpsilochmus sellowi)
Ceara Leaftosser (Sclerurus cearensis)
Burrowing Owl (Athene cunicularia)
Caatinga Cachalote (Pseudoseisura cristata)
Barbalha-CE
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Araripe Manakin (Antilophia bokermanni)
Parte II
João Pessoa - Santa Rita - Areia - Canudos - Lençóis - Mucugê - São Domingos - Palmas - Lagoa da Confusão - Pium

João Pessoa-PB, Santa Rita-PB e Areia-PB
Seven-colored Tanager (Tangara fastuosa)
Rufous Gnateater (Conopophaga lineata)
Canudos-BA
Pectoral Antwren (Herpsilochmus pectoralis)
Bill Simpson e André Grassi fotografando a Arara-azul-de-lear
Lear's Macaw (Anodorhynchus leari)
Chapada Diamantina-BA
Hooded Visorbearer (Augastes lumachella)
San Francisco Sparrow (Arremon franciscanus)
São Domingos-GO
Pfrimer's Parakeet (Pyrrhura pfrimeri)
Helmeted Manakin (Antilophia galeata)
Palmas-TO
Southern Antpipit (Corythopis delalandi)
Bill in the Cerrado
Blue Finch (Porphyrospiza caerulescens)
Russet-crowned Crake (Laterallus viridis)
Bill and the Eared Puffbird (Nystalus chacuru)
Crested Black-Tyrant (Knipolegus lophotes)
Pium-TO
Searching for Kaempfer's Woodpecker
Kaempfer's Woodpecker (Celeus obrieni)
Searching for Kaempfer's Woodpecker
Large-billed Tern (Phaetusa simplex)
Amazonian Tyrannulet (Inezia subflava)
Hoatzin (Opisthocomus hoazin)
Riverside Tyrant (Knipolegus orenocensis)
Araguaia Cardinal (Paroaria baeri)
Black-banded Owl (Strix huhula)
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Tour Nordeste - Setembro de 2015

15/7/2016

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O primeiro trabalho oficial como Guia de Birdwatching a gente nunca esquece...
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Guaramiranga – CE, 20 de setembro de 2015 (Domingo)
(Amor e outras cositas mas – Saulo Duarte e a Unidade)
Do nada, estou aqui em Guaramiranga. Pensando bem, até que foi um pouco previsível. Mas eu poderia estar em qualquer outro lugar desse mundo. Se tivessem me chamado para o Rio Grande do Sul com hospedagem e alimentação inclusos, eu com certeza iria também. Mas essa oportunidade de hospedagem e alimentação inclusos surgiu para outras localidades e aqui estou eu. E não poderia ter sido melhor.

Estou aqui guiando dois japoneses e um americano (Bryan Shirley). O americano é um guia mundial especializado em guiar observadores de aves japoneses. Será que o trabalho do cara poderia ser mais específico? Como ele nunca veio ao nordeste, me contrataram para acompanha-los. Daqui, vou com eles até o Crato e depois Canudos, na Bahia. De lá, eles continuam e eu volto para casa (Fortaleza-CE).

Dizem que as coisas acontecem por um motivo e/ou que depois de algo ruim, vem coisas boas. Sei nem se essas frases são assim mesmo, mas isso aconteceu comigo e tem me deixado mais crente nesses últimos dias.

Foi mais ou menos assim; eu ia para uma consultoria ambiental na Praia da Baleia (litoral cearense), mas, devido a algumas burocracias (nojentas, que não detalharei aqui), eu não fechei contrato com a empresa sob aquelas medidas. Infelizmente, em alguns casos, é assim: ou faz errado ou cai fora.

Caí fora!

(Quer saber? No texto original do meu diário, eu não detalhei, mas vou detalhar, nem que seja um pouco)

A empresa de consultoria ambiental me chamou para esse trabalho e tinha no contrato o seguinte (vou resumir sem citar palavra por palavra): Eu faria 15 dias de campo sem receber nada e teria que fazer um relatório para ser aprovado pelo órgão ambiental. Caso o relatório não fosse aprovado por qualquer motivo, eu não receberia o pagamento nem pelos dias que trabalhei em campo. Caso o relatório fosse reprovado devido a ocorrência de alguma espécie rara ou ameaçada de extinção naquela localidade, eu teria que modificar o relatório (ou seja, dizer que essas espécies não existiam lá) para que o mesmo fosse aprovado e eu pudesse receber meu pagamento integral. Isso é um ABSURDO! Vale ressaltar que as diárias que eu seria pago eram vergonhosas, no limite do RIDÍCULO. Com relatório e tudo incluso. Estou até com medo de estar expondo essas coisas dessa maneira, mas já cansei desse Brasil, que, para todo lado que você olha tem corrupção e coisa errada.

(Eu tentei negociar, e, depois de mais de 20 e-mails trocados, eles insistiram no ABSURDO e no RIDÍCULO)

Caí fora!

Uma bela noite, acho que foi numa terça ou quarta-feira, o Jefferson Bob me liga, perguntando se eu não queria guiar esse pessoal.

– O que? É claro que eu quero né? – Eu respondi sem nem pensar no caso (como faço com 90% das coisas que decido).

Ele me passou o contato e tudo foi resolvido em menos de uma hora. O que não foi resolvido em mais de uma semana (consultoria ambiental), resolvi em menos de uma hora (guiada). Menos complicações, mais divertido, menos trabalho pós-campo, mais bem pago... tenho um leve pressentimento que vou preferir ficar fazendo isso daqui em diante.

Quinta-feira eu subi a serra com uma amiga passarinheira, a Cecília. Fiz isso mais ou menos como uma forma de treino, para verificar quais bichos estariam bons de ver com este grupo que estou agora. Na sexta-feira, passamos o dia passarinhando com o Fábio Nunes, da Aquasis, e descemos no sábado bem cedinho (6h).

Até que deu para ver e fotografar alguns bichinhos legais:
Northern Lesser Woodcreeper (Xiphorhynchus atlanticus)
Rufous-bellied Thrush (Turdus rufiventris)
Sábado, assim que cheguei, fui ao Shopping Iguatemi para comprar algumas coisas que seriam uteis nessa viagem e que eu estava precisando; cabos p2-p2 (sempre quebram, então é sempre bom ter mais de um), carregador para minha caixa de playback e um laser (apontador).

Depois das compras, fui em casa deixar as coisas e sai para almoçar com o Bob e Natalia na casa da Luciana, uma amiga de faculdade. Revi alguns amigos que não via a muito tempo, inclusive a Val, que não via a mais de 5 anos. A Val foi minha professora na UECE.

A casa da Luciana é muito massa, muito aconchegante. E o almoço estava uma delícia! Antes de almoçar, tomamos aquela cerveja e umas doses de cana também. Deu até para ficar meio bêbado. 

Por volta das 4 e meia, a mãe da Natalia foi nos pegar e fomos para a casa dela, ajudar a preparar umas comidas para o “encontro das meninas” que a Natalia estava organizando com amigas do colégio. Demos uma grande agilizada nas coisas e deu para terminar tudo a tempo.

Umas 18h, o irmão do Bob foi nos pegar. Deixou o Bob na casa do George e depois fomos conversando até chegar na minha casa. Queria muito ter ido para a casa do George, mas ainda tinha muita coisa para organizar antes de iniciar esta viagem. Tive que baixar milhares de arquivos de áudio (cantos de aves) para fazer playback e ainda tive que fazer as malas.

Acordei hoje às 5 e só fui acabar de organizar tudo perto das 11. No limite. Ainda bem que deu tudo certo. 

Almocei um pouco mais cedo e sai de casa para encontrar com eles no aeroporto às 12h40. Enquanto esperava, tomei um café.

Assim que eles chegaram, pegamos o carro na locadora e pegamos a estrada para Guaramiranga. Como chegamos ainda de dia, decidi garantir logo o cartão de visita da serra; o periquito-cara-suja (Pyrrhura griseipectus). Foi sucesso! Quando chegamos ao local, os bichos já estavam cantando por perto. Os japoneses viram e conseguiram fotografar. Entre um periquito e outro, ainda fotografaram outras espécies: lavadeira-mascarada (Fluvicola nengeta), bentevizinho-de-penacho-vermelho (Myiozetetes similis), saíra-militar (Tangara cyanocephala cearensis), saí-azul (Dacnis cayana).
Variable Antshrike (Thamnophilus caerulescens cearensis)
Masked Water-Tyrant (Fluvicola nengeta)
Gray-breasted Parakeet (Pyrrhura griseipectus)
Red-cowled Cardinal (Paroaria dominicana)
Quando começou a escurecer, viemos ao hotel Alto da Serra para fazer o nosso Check-in.

Check-in.

Cada um para seu lugar.

Jantar às 19h00.

Encontramos com o Thiago Piloto.

Nota #1: Os japoneses não gostaram da pizza de frango com catupiry (acho (tenho quase certeza) que foi por causa do frango).

Voltamos.

​Sono às 21h30.
Guaramiranga – CE, 22 de setembro de 2015 (Terça-feira)
(Pais e filhos – Tim Maia)
Agora são 4h30. Acordei às 4h10, tomei um banho, dei uma organizada geral nas coisas e estou escrevendo um pouco antes de descer para o café da manhã. Combinamos de sair por volta das 6 e meia para ter tempo de sobra e poder parar no caminho caso apareça algo bacana.

Ontem acordei 4 e meia e escrevi um pouco antes de sair para passarinhar com o pessoal. Às 5 e meia nos encontramos, passarinhamos durante uns 15 minutos em frente aos chalés e fomos para o Hotel Remanso. 

Já decidi: não vou mais no Remanso. Achei muito fraco e que perdemos 2 horas da nossa manhã. Não que lá seja ruim, mas os bichos ficam mais nas copas das árvores, não descendo com facilidade, o que torna a fotografia [deles] bem complicada. Me lembra, um pouco, passarinhar na Amazônia.

O Parque das Trilhas tem todas as espécies que o Remanso tem (com exceção da tovaca-campanhia) e é bem mais fácil de conseguir boas fotos, pois tem mais bordas e as trilhas são mais largas.

Para não ir ao café da manhã “de mãos vazias”, decidi dar uma rápida passada no Parque. Na verdade, ia levar eles no comedouro que fica de frente para os chalés, mas quando cheguei, estava sem frutas, então improvisei e fui para a entrada do parque. Em 20 minutos, vimos por volta de 20 espécies, e os caras fotografaram umas 10.

Acho que nem falei ontem, mas esses japoneses andam “armados” até os dentes: um anda com uma lente de 500mm (talvez seja até uma 800mm) com um conversor e o outro anda com umas 3 câmeras (utiliza uma 300mm para fotografia de aves). 

Umas 8, voltamos ao hotel para tomar café da manhã. Quando estávamos prestes a sair para o Parque novamente, o Thiago Piloto chegou no hotel em que estávamos. Ainda conseguimos ver o chupa-dente-do-nordeste (Conopophaga lineata cearae) bem rápido antes de sair.
Quando chegamos lá, eles já conseguiram fotografar cardeal-do-nordeste (Paroaria dominicana), fim-fim (Euphonia chlorotica) e sanhaço-de-coqueiro (Tangara palmarum) no comedouro dos chalés. A passarinhada no parque foi mais que vantajosa. Muito bicho e, de acordo com o Bryan, vimos todas as espécies-alvo. Só conseguimos sair do Parque, com muito esforço, às 14h00. 

Um dos rapazes é fascinado por piprídeos e, aqui na serra, para ele, o bicho mais importante seria o Guaramiranga (Pipra fasciicauda). Esses caras não só viram o nosso amigo “Pipra fasciicauda”, como faltaram beijar de tão perto que ele chegou de nós. Os dois conseguiram fotos sensacionais! Que maravilha! Ficaram tão felizes que ganhei cerveja a noite.

Almoçamos no K-labar, em Pacoti, e, umas 15h30 fomos para o comedouro que o Thiago nos levou. Consegui algumas boas fotos de Euphonia chlorotica.
Os destaques que registramos na serra:

- Murucututu (Pulsatrix perspicillata);
- Beija-flor-de-garganta-azul (Chlorostilbon notatus);
- Saripoca-de-gouldii (Selenidera gouldii);
- Pica-pau-anão-da-caatinga (Picumnus limae);
- Periquito-cara-suja (Pyrrhura griseipectus);
- Choca-da-mata (Thamnophilus caerulescens cearensis);
- Chupa-dente-do-nordeste (Conopophaga lineata cearae);
- Vira-folha-cearense (Sclerurus cearensis);
- Arapaçu-rajado-do-nordeste (Xiphorhynchus atlanticus);
- João-de-cabeça-cinza (Cranioleuca semicinerea);
- Poiaieiro-de-patas-finas (Zimmerius acer);
- Maria-do-nordeste (Hemitriccus mirandae);
- Enferrujadinho (Lathrotriccus euleri);
- Uirapuru-laranja (Pipra fasciicauda scarlatina);
- Saíra-militar (Tangara cyanocephala cearensis);

Só ficou faltando o pica-pau-ocráceo (Celeus ochraceus), a tovaca e o uru, mas o pica-pau podemos ver em outras localidades e os outros dois, os japoneses não fizeram um pingo de questão de ver, já que são bichos não tão coloridos.

Agora são 5h10 e eu vou descer para pegar uma internet antes de tomar café da manhã. Espero que possamos ver uns bichos aquáticos bem legais hoje.

*** CRATO ***
Chegamos aqui por volta das 18h, depois de quase 10 horas de viagem. Paramos mais de 5 vezes só para ver algumas aves no caminho. A lista de espécies da viagem saiu de 80 para 123 espécies. Muitos bichos associados a água e alguns de caatinga.

* Agora são 21h30 e vou dormir.
** Um pouco puto porque perdi o carregador do meu celular.
*** Encontrei com o Jefferson Bob aqui.
Crato – CE, 23 de setembro de 2015 (Quarta-feira)
(Bleed through – S.O.J.A)
Engraçado, você com “25 anos no couro” acha que já aprendeu tudo nessa vida. Parece que não...
Hoje cometi mais um erro para meu histórico, mas que ficou como aprendizado: xampu e condicionador de hotel é só de enfeite!

Cheguei do campo hoje pensando “hoje vou lavar meu cabelo, já fazem dois dias que não lavo”. Era melhor ter passado 10 dias sem lavar do que ter feito isso! No momento que coloquei o xampu no cabelo, já vi que tinha algo de errado. O arrependimento já começou aí. Instantaneamente meu cabelo ficou duro. Juro por deus. O negócio ficou duro mesmo, e seco. Como já estava ali, continuei. 

– O condicionador vai resolver essa parada – eu pensei – sempre resolve (parece até milagre).

Eu sei que não é milagre, que na verdade são centenas e centenas de testes em animais indefesos, mas que parece milagre, parece. Para quem quiser poupar (proteger) esses animais indefesos, é só utilizar esses xampus e condicionadores de hotel. COM CERTEZA não passam por teste algum. 

Depois de me acalmar um pouco, fiquei até pensando nisso. Será que todo mundo já sabe disso menos eu? Nunca vi ninguém reclamando. Será que sou a única pessoa que conheço que tentei fazer isso? Se sim, porque meus pais não me ensinaram isso. É questão básica de sobrevivência. Enfim.

Pois bem, tirando esse incidente dos cosméticos “pró-vida” do hotel, o dia foi muito bom! Muito bicho legal.

Às 5, nos encontramos no saguão, comemos umas bolachas com café e partimos para Potengi, onde encontramos com o Bob. A passarinhada no Sítio Pau Preto foi muito proveitosa, com direito a muitos lifers e muitas fotos bacanas. Os caras mandaram muito bem, principalmente na foto do farinheiro (Myrmorchilus strigilatus). Iniciamos a passarinhada um pouco tarde, por volta de 7 e pouco, e, mesmo assim, conseguimos registrar 55 espécies. Boas espécies. Destaco: alegrinho-balança-rabo (Stigmatura budytoides gracilis), papa-moscas-do-sertão (Stigmatura napensis bahiae), farinheiro (Myrmorchilus strigilatus), garrinchão-de-bico-grande (Cantorchilus longirostris), azulão (Cyanoloxia brissonii) entre vários outros.
Depois da manhã de passarinhada, passamos na casa do tio do Bob para tomar uma água de pote e ficar debaixo da sombra, antes de ir até a cidade para almoçar na casa de sua mãe. Pense num almoço bom! Vale a visita.
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De lá, seguimos para o soldadinho-do-araripe (Antilophia bokermanni). Saímos 11h de Potengi e chegamos no soldadinho 13h. Não vou contar para ninguém, mas errei o caminho, o que acrescentou 1 hora no percurso! Que vacilo! Ao invés de ir pelo Crato, fui por Juazeiro do Norte. É isso aí, vivendo e aprendendo. Depois dessa, nunca mais! 

Ao chegar no Arajara Park e entrar na trilha, não demoramos nem 5 minutos para achar o nosso alvo... mas era fêmea. Fêmea de piprídeo não vale (não presta/não funciona/não canta/café com leite)! Tem que ser macho.

Com aproximadamente 10 minutos de muita tensão (principalmente para quem está guiando), o macho apareceu! Sem playback, sem nada. Só espera e paciência. Se bem que nem precisa ter tanta paciência para esperar 10 minutos. Tem gente que espera mais naquele trânsito caótico de Fortaleza.

Por volta das 15h, saímos da trilha e fomos para o carro. 

​Porém, antes de irmos embora, uma moça (Dona Fabíola) quis nos mostrar os novos chalés do Arajara que foram concluídos a pouco tempo. Os chalés são fantásticos! Talvez um pouco caro para meros mortais, mas se for pagar em dólar, sai bem no preço.

Antes de chegar no hotel, passamos no centro para eu comprar uma fonte nova para carregar meus equipamentos. Comprei logo duas fontes, só para garantir.

Quando chegamos no hotel (16h30), eles foram para os quartos e eu fui para o saguão pedir um misto quente com cappuccino para aguentar até o jantar. Enquanto esperava, fiquei conversando com a Gerlidiana sobre coisas da vida. Para quem não conhece, Gerlidiana é minha mais nova amiga. Trabalha aqui no hotel. Gente boa.

Agora são 20h40 e eu acabei de jantar com a galera.

Sabe o que eu estava pensando agora? Acho que agora, depois dessa que aconteceu comigo, não vou mais poder doar o meu cabelo... lamentável. Eu sei que pode até ser paranoia minha, talvez até seja mesmo, mas depois que voltei do jantar, percebi uma parte da minha cabeça que está bem sem cabelo. Bem mesmo. Vou aguardar um tempo e, espero muito que seja só paranoia mesmo.

O Bryan chegou no Crato com uma lista de espécies-alvo com 17 espécies. Hoje, vimos 7 e amanhã ele quer as outras 10. As 10 que faltam são: Hylopezus ochroleucos, Picumnus fulvescens, Penelope jacucaca, Megaxenops parnaguae, Thamnophilus capistratus, Hylophilus amaurocephalus, Synallaxis hellmayri, Sakesphorus cristatus, Anopetia gounellei, Herpsilochmus sellowi.

Acho que desses acima, amanhã veremos 70%.

Veremos.
Crato – CE, 24 de setembro de 2015 (Quinta-feira)
(Venus in furs – Velvet Underground)
Pense num santo forte esse que eu tenho. Das espécies-alvo que o Bryan queria ver, vimos 7 delas hoje, ou seja 70%. Acertei na mosca. Vimos Hylopezus ochroleucos, Picumnus fulvescens, Megaxenops parnaguae, Thamnophilus capistratus, Hylophilus amaurocephalus, Sakesphorus cristatus, Herpsilochmus sellowi. O que deu mais mole, com certeza foi a choca-do-nordeste (Sakesphorus cristatus), que rendeu fotos magníficas do Shiga San. E o que deu mais trabalho foi o torom-do-nordeste (Hylopezus ochroleucos).

Saímos hoje do hotel por volta de 5h10, chegando ao ponto da passarinhada às 5h30. Em menos de uma hora, 5 lifers já foram garantidos. Isso já tirou grande parte da pressão. Fomos para outro ponto, do outro lado da pista de asfalto, onde conseguimos o pica-pau-anão-canela (Picumnus fulvescens).

Às 9, saímos em direção ao hotel e tomamos café da manhã assim que chegamos. Tiramos uma hora de intervalo e fomos novamente para o Arajara Park tentar melhorar o registro do soldadinho-do-araripe. Ontem eles conseguiram fotos melhores do que hoje. Passamos duas horas e meia tentando e, 14h, voltamos para o hotel. Comemos um sanduiche e 16h fomos passarinhar. Um pouco fraco, mas o Komori San ficou feliz por ter conseguido uma boa foto da choca-do-nordeste. E ainda teve mais um lifer, a choca-barrada-do-nordeste (Thamnophilus capistratus). Até que ficaram bem contentes. Pelo menos é o que me parece.

Voltamos por volta das 5 e meia.

​Tenho que conferir e organizar as listas que estou fazendo no e-bird. Tentar fazer isso aqui antes do jantar.
Canudos – BA, 25 de setembro de 2015 (Sexta-feira)
(Won’t come easy – Sweeny)
Dia de deslocamento.

Saímos do hotel no Crato às 7h, passando por Pernambuco na BR-116 para chegar até aqui.

A viagem foi tranquila e relativamente rápida, se for comparada com a viagem de Guaramiranga para o Crato. Paramos para almoçar às 12h, depois de Ibó, e chegamos aqui um pouco depois das 13h.

​Descansamos um pouco e saímos para passarinhar às 16h. Vimos 4 bichos novos para a lista da viagem: Falco femoralis, Thectocercus acuticaudatus, Synallaxis hellmayri, Saltatricula atricollis.
Inclusive Thectocercus acuticaudatus e Synallaxis hellmayri foram lifers para mim. 

​Estou sentindo que vou curtir muito essa viagem.

Amanhã o Ciro irá dormir aqui (no Hotel Brasil) com o grupo que ele está guiando. Vai ser legal encontrar com meu mestre em campo.
Canudos – BA, 26 de setembro de 2015 (Sábado)
(Glory Box – Portishead)
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É... acho que quero ser guia mesmo.

Sabe quando acontece uma situação em nossas vidas que parece que ascendeu uma luz na nossa cabeça (na verdade a luz é sobre a cabeça né? Como nos desenhos). Pois é, isso aconteceu comigo hoje.

Isso já havia acontecido comigo antes, em uma viagem em 2012, com o Ciro Albano e Luciano Lima, pelo Nordeste (Ceará, Maranhão e Piauí), onde, um dia, depois de uma bomba de adrenalina, decidi que seria ornitólogo! Lembro como se fosse antes de ontem, o arrepio ao ver as anhumas sobrevoando acima de nós com aquele canto alto e desengonçado que elas têm. Sensacional! E talvez tenha sido por isso que estou aqui hoje.

E hoje aconteceu algo parecido. Acordei às 3h30 e saímos do hotel às 4 para encontrar com o Dorico, guia-florestal que nos levaria até um dos dormitórios das araras.

Chegamos no dormitório por volta das 5h e a algazarra já estava grande. Você escuta o som e vê centenas de araras “pretas” sobrevoando. À medida que o sol vai saindo, o azul das araras vai aparecendo proporcionalmente. Pense numa cena: centenas de araras-azul-de-lear gritando e sobrevoando a menos de 50m de você. Sensação única! E o arrepio fica ainda maior ao lembrar que a população dessa espécie, um dia, já chegou a aproximadamente 40 indivíduos (contagem realizada por volta de 1978). Realmente ficaram à beira da extinção (para saber mais da história da arara, clique AQUI).

E quando você para e observa a reação das pessoas (dos clientes), chega a ser ainda mais emocionante. Quero poder sentir essa sensação mais vezes, quero ser guia.
Depois de ver as araras, fomos para outra parte do dormitório, onde vimos um Cauré (Falco rufigularis).  Demos mais uma breve passarinhada em frente ao alojamento da Biodiversitas e seguimos para o hotel por volta das 9h. Tomamos café da manhã e, por volta das 13h, almoçamos para passarinhar às 14h.

O correto seria ter dormido entre o almoço e o café da manhã, mas não consegui! Foda. Talvez porque tomei café demais? Não sei. Já que não consegui dormir, lixei uma banda da semente de licuri (Syagrus coronata), que o Dorico me deu, para fazer um colar de lembrança. E enquanto estou aqui escrevendo, estou escutando as aves da chapada diamantina para me familiarizar mais um pouco.

...12h40: me arrumar para almoçar e ir à campo logo em seguida.

Resumindo o restante do dia:

- Passarinhada a tarde (bem produtiva), com dicas preciosas do João da Vila e auxílio do Raimundinho.

- Jantar com a galera na Pizzaria Doce Mel.

​- Cerveja e reunião de negócios com o papai Ciro Albano na Pizzaria Doce Mel.
Lençóis – BA, 27 de setembro de 2015 (Domingo)
(Alucinação – Belchior)

​Feliz é aquele que trabalha com uma coisa que não sabe mais nem que dia é hoje. Aquele trabalho que você não fica anotando os dias, as horas, os minutos e, às vezes, até os segundos para que chegue logo o final de semana. Tem até um programa de rádio em Fortaleza que é com esse intuito (é algo como “fecha tudo e vamos embora”). E o pior é que quando você fica contando os segundos, o tempo parece que passa mais devagar. Tem uma explicação física para isso, mas não sei bem como é que isso funciona. Não sei se está relacionado com a rotação, velocidade e translação da terra. Enfim.

Hoje acordamos em Canudos e já estou aqui em Lençóis, pronto para dar aquela cochilada. Muito doido isso. 

Tomamos café da manhã às 5h30 e pouquinho depois das 6h já iniciamos nossa viagem. Pegamos o caminho por Feira de Santana e conseguimos chegar em 9 horas. Foi bom. Hoje o Bryan se garantiu no volante. Tirando o momento em que ele derramou refrigerante no chão do carro, o resto foi sossegado. Até essa parte do refrigerante foi relativamente sossegada. Digo que foi “relativamente sossegado” porque tenho uma gastura/aflição imensa com coisas grudentas, pegajosas, oleosas (acho herdei essa parte do meu pai). Então, quando a lata derramou, já vi uma cena 10x pior do que realmente foi; imaginando TUDO grudado e como seria para dirigir depois com os pés grudando no tapete etc. Mas consegui me segurar bem e ainda o ajudei a limpar.

Deixamos nossas coisas aqui no hotel e fomos passarinhar no Morro do Pai Inácio. Infelizmente, não conseguimos foto do Augastes lumachella. Conseguimos de dois outros bichos bem legais (Embernagra longicauda e Knipolegus nigerrimus), mas não do Augastes, uma das maiores estrelas da chapada diamantina. Pior que carreguei o equipamento do Komori (uma lente bem pesada de 500mm) até o topo do morro e nada. Estou até com as pernas doendo agora (ácido lático pra caramba).
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É isso, os principais foram esses mesmo. E uma águia-chilena que passou sobrevoando por nós quando estávamos no morro.
Lençóis – BA, 28 de setembro de 2015 (Segunda-feira)
(Revelação – Fagner)
Pense numa noite animada essa de hoje. Saímos para jantar na rua e estava tendo, acho que era um ensaio da banda de um colégio. Umas 50 pessoas de uniforme tocando aquelas músicas de bandinha, que toca em Olinda. Até arrepiei só de lembrar de Olinda, dos bons carnavais que já passei por lá. As risadas, as bebidas, os amigos, as mulheres, o cheiro de mijo no ar, do vômito, das risadas, dos perdidos, enfim, de Olinda. 

Os japoneses gostaram muito (vou chamar eles pelo nome mesmo: Shiga San e Komori San, gostaram muito) e o Bryan também curtiu. Outra coisa que eles curtiram bastante hoje foi a Devassa. Desde quando chegaram aqui, estão tomando Skol e estão amando. Quando falei que não tinha Skol nesse estabelecimento, ficaram até tristes, mas a Devassa deu para agradá-los. A tradução de “Devassa” seria “Naughty Girl” mesmo? Foi assim que traduzi para o Bryan.

Acordamos cedo para sair do hotel às 4h30. Chegamos ao ponto por volta das 5 e 40. A passarinhada foi bem proveitosa, mas senti muita falta de algumas espécies importantes, como Euscarthmus rufomarginatus, Heliactin bilophus, Arremon franciscanus. Mesmo assim, vimos outras espécies legais, como Colibri serrirostris, Thamnophilus torquatus, Picumnus pygmaeus, Anopetia gounellei e Saltator similis.

Ficamos nesse ponto, em Palmeiras, até umas 10 e pouco e voltamos para Lençóis. Abastecemos o carro, passamos no hotel Casa da Geleia para ver como eram os comedouros de passarinho e fomos almoçar no Bode. Na Casa da Geleia, conheci a Lia e conversamos um pouco. Depois do almoço não aguentei, dormi e muito. Ia dormir de uma até duas, mas o cansaço estava muito grande. Hoje foi o dia em que eu estava mais cansado, dando cochilos no banco do passageiro, coisa que raramente faço. Acho que eu nem falei, mas quem está dirigindo durante toda a viagem é o Bryan, então está bem tranquilo para mim em relação a isso.
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Quando o despertador tocou às 2, coloquei mais meia hora para dormir mais um pouco.

A passarinhada da tarde até que foi produtiva. Faltaram algumas espécies-alvo, mas paciência né Caio!? Como diz o Ciro, a natureza não é um Shopping Center, não há previsibilidade. E como diz o André, se fosse fácil, não teria graça. Vimos Lepidocolaptes squamatus, Pyriglena leucoptera, Buteo brachyurus, Trogon surrucura e Synallaxis scutata, que era lifer para o Bryan. Expressou bem sua felicidade no jantar, quando apertou meu braço, arregalando os olhos quando viu que o S. scutata era lifer. Massa!

Foi mais ou menos isso. Amanhã fazer uma passarinhada matinal antes de partir para tentar as espécies que ainda faltam.
Gravações dos bichos gravados nesse dia:

- Pyriglena leucoptera;

- Trogon surrucura;

- Synallaxis scutata.
Boa Nova – BA, 29 de setembro de 2015 (Terça-feira)
(Tunnel of Love – Dire Straits)
O cansaço está grande, mas vou fazer um rápido resumo.

Como o Ciro sempre fala, mas ninguém quer acreditar: “rapadura é doce, mas não é mole não”. Muito bom esse negócio de guiar, mas cansa muito também. É muita pressão. Não é apenas uma passarinhada que se faz com amigos, sem muito compromisso, sem tensão, sem pressão, só por diversão. Afinal, você está trabalhando né?

Pois bem, eu já estava bem decepcionado com o nosso desempenho na chapada diamantina. Até que pegamos alguns bichos, mas senti que os principais estavam ficando de fora, como, por exemplo, o Augastes lumachella e o Formicivora grantsaui.

Hoje de manhã, decidimos tentar esse e outros bichinhos mais uma vez antes de irmos embora, então saímos da pousada 5h00 e chegamos no ponto às 5 e meia. Chegando ao ponto, estava me sentindo bem, como se fosse conseguir tudo e um pouco mais. Depois de 10 minutos, esse sentimento foi mudando. O tempo estava nublado e NENHUM bicho estava respondendo ao playback (puta merda!). Tentei umas 6 espécies-alvo e NADA! Vimos outros bichos, claro, mas espécie-alvo, que é bom, nada. Bichos até bem legais, mas como não havia visto nem UM dos alvos, NADA tinha graça. Por que é assim? Não sei, mas é assim. Se tiver UM bicho que é o mais importante e não conseguir o ver, TODOS os outros se tornam sem graça, mesmo sendo muito importantes também.

Mais 10 minutos se passaram...

E eu cada vez mais ansioso né!? Qualquer coisa que eu ouvia cantando de dentro de um arbusto, pensava que era o Formicivora grantsaui ou um Polystictus superciliaris ou um Euscarthmus rufomarginatus.

Quando ia ver: Zonotrichia capensis. 

Qualquer coisa que passava voando, pensava que era o Augastes. Na maioria das vezes, nem ave era. Apenas uma abelha. E assim segui, mais longos 6 minutos, quando, de repente, vejo um Formicivora pulando nos arbustos. Antes de gritar alguma coisa e ter a possibilidade de ser um alarme falso, me certifiquei da espécie com meu binóculo e depois chamei o Bryan, o Komori e o Shiga.

Conseguimos boa foto.
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Senti um leve ar de felicidade após esse momento fantástico que tivemos. Ainda mais, depois de um soco carinhoso de “parabéns” que o Bryan me deu no braço. Que sentimento bom! Como diz o Ciro, “É assim Cabrito, do inferno ao céu, em questões de segundos”. Vai vendo.

Continuamos andando pela trilha e encontrando algumas espécies que ainda não haviam entrado na lista geral da viagem. Enquanto andávamos, não parei de tentar “chamar” o gravatinha (Augastes lumachella).

Com certeza tentei mais de 80 vezes. Sério mesmo, mais de 80 com toda certeza. Quando deu 7 e meia, decidimos voltar para não chegar muito tarde no hotel. Eu já havia desistido de tentar qualquer coisa (desliguei as duas caixas de playback), quando, de repente, o Bryan sussurra bem alto para mim – “right there, right by you/bem ai, bem do teu lado”. Quando virei para a direita: O GRAVATINHA!

Passamos, pelo menos, uns 10 minutos fotografando e observando, enquanto ele fazia o mesmo (nos observava). Deveria estar pensando “lá vem aqueles malucos de novo”. Ele “ascendeu” pouco, mas mesmo assim, deu um show. E o Komori San ainda conseguiu uma foto dele aceso, então está tudo beleza. Depois disso, foi só sorriso na cara e risadas frouxas. Tudo que fazia ou falava, era um sorriso na cara. E já falavam as coisas lá em japonês rindo. Não entendia nada do que falavam, mas devia ser algo bom.

O que UMA espécie não faz com uma pessoa né? Com 4 nesse caso.

Voltamos para o hotel, tomamos café da manhã e saímos 10 e pouquinho.

Chegamos aqui em Boa Nova por volta das 18h. Agilizei algumas coisas e saímos para jantar. Entre as “algumas coisas” que agilizei, uma delas foi para passar mais um dia aqui. Ao invés de ir para Estância no dia 1º, vamos somente no dia 2. Assim, teremos dois dias para passarinhar aqui em Boa Nova.

É lifer demais meu sinhô!

Ansiedade demais também.

Estou um pouco mais aliviado pelo fato do Josafá (guia local) estar no comando amanhã e depois. Estava precisando dessa folga mental. Tenho que me acostumar, eu sei, mas que essa folga vai ser boa, vai.

Boa Nova – BA, 30 de setembro de 2015 (Quarta-feira)
(Kody – Matchbox 20)
Nunca fui uma pessoa muito competitiva. Alguns podem pensar que sim, pois tenho minhas centenas de listas para ter uma noção de todos os números que passam pela minha vida. Mas a verdade é que não gosto de competição intraespecífica. A única competição que levo é comigo mesmo, uma competição intrapessoal. Um bom exemplo disso é que as minhas metas nunca dependem do desempenho do próximo, por exemplo; minha meta desse ano é “observar 800 aves em 2015”, e não “observar mais aves que o Joãozinho”. Outro bom exemplo: quando era mais novo e jogava videogames, às vezes, deixava a outra pessoa ganhar de propósito só para ela não ficar triste. É sério. Claro que, às vezes, eu nem precisava deixar (a pessoa ganhava por mérito mesmo). Enfim, quando pinta uma situação de competição, tento amenizar ao máximo. Se a vitória é tão importante para o próximo, e não for crucial para mim, então deixa...

Para os que não sabem, desde 2012, planejo em ser guia de Birdwatching, como o Ciro Albano, e, desde então, venho estudando para realizar esse sonho/plano. E hoje, praticamente 3 anos depois, acho que este momento está mais perto do que longe. Estou no 11º dia de expedição (Tour) com dois japoneses e um norte-americano, e estou gostando. Muito a aprender, muito a estudar, obviamente, mas está indo muito bem. Eles estão gostando, eu estou gostando.

Como não conheço essa região (Boa Nova) muito bem e como, a princípio, não vinha com eles até aqui, um guia local foi contratado, o Josafá. O cara é gente boa sabe? Só acho que ele está um pouco desconfiado. Acho que ele está me vendo como uma competição! Puta merda, só o que me faltava. A passarinhada de hoje foi muito boa, só achei que ele não sabe lidar com pessoas muito bem. Sabe dos pássaros, mas não é muito bom com gente talvez. Pode ser apenas impressão minha também. Quem me conhece sabe que sou meio estranho mesmo. Mas sei lá, é como se ele estivesse fazendo um favor para nós, como se não estivesse sendo pago para isso. Deixa isso para lá. 

Só sei de uma coisa; próximo grupo que eu trouxer, EU vou guiar. Eu vou saber como tratar meus clientes.

Pois é... mas hoje foi muito bom. 

Acho que tive aproximadamente 10 lifers.
Boa Nova – BA, 01 de outubro de 2015 (Quinta-feira)
(Meds – Placebo)
Perder a meia em campo é foda! Até hoje, isso nunca tinha acontecido comigo, mas sempre tem uma “primeira vez” para tudo né? Espero que seja a última também. Sei que não será, mas não custa sonhar.

“Como é que uma pessoa perde uma meia em campo”, muitos podem se perguntar. Perder a meia em casa, no dia-a-dia, é normal. Perdemos pelo menos uma meia do par a cada mês. Incrível isso... ninguém sabe para onde vão, apenas somem. Mas até que isso é normal, é comum. Mas a pessoa perder a meia em campo, durante uma passarinhada, uma caminhada? 

Vou explicar como foi o meu dia até esse momento para que possam compreender a situação.

Acordamos, ao meu ver, tarde, pois só saímos às 6h. Como estávamos sob o comando do guia local, quem estava ditando as regras era ele. Eu já estava um pouco impaciente com o sujeito, pois, no meu ponto de vista novamente, ele não estava tratando os meus clientes da maneira que eu julgo correta. Os clientes queriam ir para uma área nova, ele ignorava o pedido. O cliente queria ficar mais tempo fotografando um bicho, ele ignorava. O cliente queria qualquer coisa, ele ignorava, ou até pior, fazia o contrário. Na boa, o cara se fazia de doido! Não entrarei em detalhes de personalidade, ego, egoísmo, medo, ganância, ignorância etc.

Quer saber, não entrarei em detalhes, mas resumirei aos fatos; hoje de manhã fomos para a mata atrás de um bichinho (Anopetia gounellei) que ele nem sabia se queríamos e ainda é um bicho que não tem como garantir, pelo menos não nessa época do ano. Enfim, ele poderia ter tentado isso ontem. Acho que ele estava tentando enrolar no tempo. Mas beleza, passamos umas 2 horas na mata seca e, quando os japoneses finalmente estavam felizes com o bicho que estavam fotografando (Rhopornis ardesiacus), ele ficou perturbando, dizendo que já estava na hora de ir. Logo em seguida, fomos em direção à mata úmida (mata atlântica). Quando fui ver, paramos no MESMO EXATO LOCAL que ontem. Isso, depois de ter dito umas 4 vezes (no mínimo) que queríamos um local diferente. Aí é sacanagem né meu camarada!

Assim que chegamos nesse local, os clientes mesmo pediram para que voltássemos para casa e deixássemos o guia local na casa dele. Essa parte foi especialmente difícil para mim: ser o mediador dessa situação delicadíssima. Foi difícil, mas fui em frente e fiz. Ele ficou puto e também não vou entrar em mais detalhes, mas quer saber? Ô alívio! Foi a melhor decisão que fizemos. Mesmo eu não sabendo de muita coisa dessa região, os japoneses queriam que eu os guiasse. E não poderia ter dado mais certo. Ficaram muito felizes com o dia de hoje (depois que ficamos sozinhos). Por que não fizemos isso antes? Última coisa, juro: depois que eu disse que ia deixa-lo na cidade (o guia local), ele não queria ir não viu!? Foi relutante.

Está bem, parei. 

Pois é, o dia de hoje foi bem massa. É legal, cada piprídeo que eu mostro (desde o primeiro dia), o Komori San me agradece com um aperto de mão, um “Tank you” e vários sorrisos e risos frouxos. Principalmente se conseguisse uma boa foto. “Tank you very much Caio San”. Hoje isso aconteceu umas 3 vezes. Apesar de vermos menos espécies do que se estivéssemos com o guia local, pelo menos deu para curtir o momento, fotografar e, se quiser, fazer mais fotografias do mesmo bicho.
Mas é isso, hoje foi muito bom. Ontem foi bom porque tiveram alguns lifers e hoje porque passarinhamos sem pressão.

Na volta para casa, ainda tentamos o Gallinago undulata, mas não encontramos, mas encontramos o bacurau-rabo-de-tesoura (Hydropsalis torquata) e o Komori San tirou uma foto muito boa. Ele ficou bem feliz com essa foto. Se estivéssemos com o guia local, com certeza já estaríamos em casa nessa hora. Pronto, parei. Juro que não falo mais desse sujeito. É porque traumatizou mesmo. Sou um menino sensível.

Chegamos no hotel.

Banho.

Jantar no gravatazeiro (restaurante do hotel).

Fechamos e pagamos a conta de consumo.

Voltamos para a pousada.

Escritas

Tentar arrumar as malas daqui a pouco.

22h31min.
​Estância – SE, 02 de outubro de 2015 (Sexta-feira)
(Saw U leave – Lil Sad)
​Nada a declarar.

Último dia da viagem. Uma viagem memorável. Ficará para sempre na memória, ainda mais agora, com lembranças escritas: Minha primeira Tour Oficial (15 dias).

Agora são 21h21 e vou logo dormir pois amanhã acordo 4h30, vou passarinhar com a galera até umas 10, tomaremos banho, arrumaremos nossas coisas para almoçar em Aracaju e chegar no aeroporto por volta das 14h. Daí, deixo eles e pegarei a estrada para Campina Grande (uns 700Km de viagem). Devo chegar por lá quase meia noite. De boa. Tranquilo.

Hoje foi dia de deslocamento.

Teve almoço na estrada (fiquei na paranoia com um possível feijão estragado que TODOS nós comemos).

Teve passarinhada vespertina, com direito a 3 psitacídeos que não estavam na lista da viagem (Aratinga jandaya (híbridos), Diopsittaca nobilis, Aratinga aurea).

Jantar

Gorjeta de 400 pila (Ai meu deus do céu, tou rico pai!).

Sono.
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    Caio Brito

    Ornitólogo, escritor e aventureiro. Mestre em Zoologia e aprendiz da vida.

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